Goteiras ou Maremotos

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“Uma breve discussão sobre o problema da competitividade em cenários de mudança e ambientes estratégicos”.

Poucos se lembravam daqueles que viveram longamente a Dinastia Tiang, de um inverno com tantas chuvas e ventos.

As carroças entalavam na lama grossa das estradas barrentas, as plantações de arroz estavam destruídas pelas correntes de água que fluíam pelas montanhas abaixo e, mesmo nas próprias casas, pela pobreza de seus moradores, não havia calor ou cantos secos aonde pudessem se abrigar.

Com o início da primavera, as chuvas passaram e Tzing-Hao, como senhor maior da província, reuniu seus nobres e anciãos para ouvir suas recomendações.

Li-Tu, jovem e valoroso, levantou-se de forma irada e reclamou:

“Temos que dar ao nosso povo melhores condições de suportar as longas e frias chuvas de todos os invernos. Se não podemos gastar com o conserto das estradas ou a construção de diques para proteger nossas plantações, devemos, ao menos, ajudá-lo a ter, ao final de seu dia de trabalho, uma casa seca e confortável, na qual possa descansar e dormir com sua família. Para isto, só temos é que consertar seus telhados. Suas goteiras cessarão, teremos poucos custos, resultados rápidos e melhoraremos, concretamente, o bem-estar de nossa população”!

Todos aplaudiram o jovem Li-Tu pela clareza e lógica de seu raciocínio impecável: poucas despesas, ótimos resultados.

Tao-Tzi-En, no entanto, alquebrado pelos longos anos de vida, protestou:

Se vamos fazer alguma coisa pela população, há coisas ainda mais importantes que consertar seus telhados. Estaremos dentro de mais poucos meses entrando no verão.

Como sabemos, esta estação do ano traz consigo os enormes maremotos que destroem nossas praias, nossas hortas e nossa vila. Vamo-nos preparar para os maremotos e não para as chuvas. Vamos reforçar nossos alicerces de modo a evitar que sejam nossas casas levadas pelo vento e tempestade.

Um pequeno momento de perplexidade no grupo provocou o silêncio no salão do castelo. Sim, pensaram muitos, Tao-Tzi-En tem razão em falar do verão.

Li-Tu, percebendo que sua ideia estava sendo rejeitada, olhou para fora das janelas e chamou os nobres dizendo:

“Venham até as janelas, nobres senhores, e contemplem nossa vila e os efeitos dramáticos da chuva sobre nossas casas. Olhem para os móveis destruídos, os familiares mortos, os recursos e víveres perdidos. Eis o mal causado pelas chuvas”!

Motivados pela convocação de Li-Tu, os nobres olharam a sua volta e perceberam o caos, a desolação, o pessimismo, a destruição e concluíram:

Li-Tu, tem a razão. Temos que nos preparar para as chuvas.

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