Cultura Organizacional

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2. Como a Cultura se Desenvolve

A cultura se desenvolve essencialmente através de dois mecanismos de ação recíproca: redução da dor – o modelo do trauma social – e reforço positivo – o modelo do sucesso.

Suponha que um indivíduo forme um novo grupo. Esse grupo encontrará, desde o começo, uma ansiedade básica que vem da incerteza quanto à sua sobrevivência e produtividade e quanto à capacidade dos membros de trabalhar uns com os outros. A incerteza cognitiva e social é traumática, levando os membros do grupo a procurar meios de perceber, pensar e sentir que possam ser compartilhados entre si, e que façam a vida mais previsível.

O fundador pode ter seus próprios meios preferidos de solucionar tais problemas e estes podem incorporar-se ao grupo, mas somente se o grupo compartilha soluções e vê em conjunto a forma como funcionam é que podemos pensar em aprendizagem cultural (Schein, 1983/85).

Além desses traumas iniciais, cada novo grupo enfrentará crises de sobrevivência no princípio de sua história. À medida que os membros compartilham a percepção da crise e desenvolvem meios de lidar com ela, aprendem a superar o desconforto imediato e também a encontrar meios de evitar tal desconforto no futuro.

Quando surge uma situação semelhante a uma crise anterior, esta despertará ansiedade e fará o grupo agir como antes, a fim de reduzir a ansiedade. Ele evitará tanto quanto possível reviver o desconforto e a dor, se isso puder ser evitado por meios ritualistas de pensar, sentir e comportar-se.

O problema com este mecanismo de aprendizagem é que, uma vez que as pessoas aprendem como evitar uma situação penosa, continuam a persistir nesse caminho, sem procurar ver se o perigo ainda existe. Pressupostos culturais adquiridos dessa forma podem, então, ser considerados como mecanismos de defesa que o grupo aprendeu para lidar com a ansiedade e traumas potenciais (Jaques, 1955; Menzies, 1960).

Teóricos do assunto percebem, também, que o aprendizado baseado no trauma é estável, porque não só a resposta ritual evita a dor, como também a própria redução da ansiedade é, por si, gratificante. Assim, algumas formas de pensar sobre problemas organizacionais produzem o conforto imediato da redução da ansiedade, embora esses meios de pensar possam ser disfuncionais em termos de adaptação a um ambiente em rápida mudança. Se esses meios de pensar tornarem-se arraigados como pressupostos básicos sobre a natureza do mundo, então, mudá-los não é uma tarefa pequena.

O segundo mecanismo principal de aprendizagem é o reforço positivo. As pessoas repetem o que funciona e abandonam o que não funciona.

Tal mecanismo de aprendizado é diferente do aprendizado baseado no trauma, no sentido em que produz respostas que continuamente testam o ambiente. Se o ambiente muda de modo que aquelas estratégias que antes eram consistentemente bem-sucedidas não funcionam mais, o grupo rapidamente descobrirá isso e suas estratégias serão reexaminadas e mudadas.

Esse mecanismo de aprendizado pode, entretanto, produzir um comportamento muito resistente à mudança se o ambiente for inconsistente, produzindo sucesso uma vez e fracasso em outra. O reforço intermitente e imprevisível leva, tanto quanto o trauma, a um aprendizado muito estável.

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